Comecei a trabalhar na AMI em 1990 e quase me custa a acreditar que já se passaram 34 anos e que hoje tenho mais de 200 colegas, quando na altura éramos apenas 6. A Dra. Leonor Nobre (Vice-Presidente), o Sr. Serafim Jorge (Administrador), a Conceição Costa (Administrativa), o Sr. Leonardo Nogueira (serviço externo) e eu, que também exercia funções de administrativa. O Dr. Fernando Nobre era o Presidente, mas vivia em Portimão e, por isso, vinha à AMI apenas à segunda-feira e sempre que fosse necessário.
Fui muito bem acolhida por todos e aprendi tudo com esta grande equipa. E se, por um lado, os recursos eram escassos e obrigavam a um grande esforço e espírito de sacrifício, por outro lado, a experiência de fazer muito com muito pouco, foi uma aprendizagem para a vida.
Estávamos sediados na Av. Gago Coutinho, em Lisboa, numa casa pré-fabricada com 2 gabinetes pequenos, uma sala, uma cozinha e uma casa de banho. Partilhávamos o espaço com 2 ONG. O espaço era tão pequeno, que, para ocuparmos o nosso lugar, um de nós tinha de se levantar.
Os equipamentos de trabalho eram o Telex e a máquina de escrever era manual. Só mais mais tarde é que apareceu a máquina de escrever elétrica e o fax e, por fim, o computador.
Nessa altura estávamos a preparar a primeira Missão em cenário de guerra, na Jordânia, o I Fórum de Cooperação e Solidariedade e o Mailing de angariação de fundos. E estavam em curso as Missões em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe.
Os recibos eram feitos manualmente e tínhamos que levar o trabalho para casa, pois o volume era demasiado grande e a equipa demasiado pequena.
Contávamos com o apoio de embaixadas e empresas para conseguir enviar ajuda humanitária para as nossas missões.
A comunicação com os nossos parceiros nos países onde decorriam as nossas missões, como por exemplo o Ministério da Saúde, era feita via telex, um instrumento de comunicação do qual poucos se lembram. E serão menos ainda os que imaginam que se respondêssemos rapidamente aos pedidos que os parceiros nos faziam por telex, a despesa de envio ficava por sua conta e era menos um custo para a AMI, numa altura em que todos os “escudos” contavam.
Em 1992, a sede da AMI mudou-se para as atuais instalações, em Marvila, e foi lá que a equipa cresceu, bem como os recursos, as missões e as áreas de intervenção da AMI. E tenho muito orgulho em saber que contribuí para esta história de 40 anos.
Filomena Esteves
Assistente Administrativa na AMI