Os Agentes de Saúde Comunitária trabalham com a AMI, a UNICEF e as Direções Regionais de Saúde no âmbito do Programa de Saúde Comunitária da Guiné-Bissau, ajudando a monitorizar as famílias nas comunidades mais distantes de hospitais e centros de saúde.
O nosso dia começa com visitas às comunidades onde preenchemos os boletins de saúde de mulheres que foram mães recentemente, para monitorizar o seu estado de saúde e o estado de saúde das crianças. No decorrer destas visitas verificamos também se há boas condições no quarto onde a criança e a mãe dormem, por exemplo com o uso de redes mosquiteiras para os proteger dos mosquitos; se as famílias têm algum tipo de instalações sanitárias e o estado em que se encontram e outras questões relacionadas com a higiene e cuidados de saúde, como o acesso a água em boas condições para consumo.
Ser Agente de Saúde Comunitária é um trabalho de que me orgulho muito. Orgulho-me muito de ter sido recrutado para trabalhar com a AMI e a UNICEF a cuidar de famílias que conheço, desde os mais velhos aos recém-nascidos.
Paludismo e doenças gastrointestinais, devido ao consumo de águas contaminadas e alimentos mal acondicionados ainda são muito frequentes e os Agentes de Saúde Comunitária são muito importantes para conter estas doenças e evitar que haja mortes por causa delas.
Com mensagens certas sobre como evitar picadas de mosquitos através das redes de proteção, da limpeza de terrenos com lixo e águas paradas, da fervura de água retirada de poços, nós conseguimos mudar muitas vidas nas comunidades isoladas da Guiné-Bissau. E mais, todas a informações que anotamos sobre as famílias que visitamos são monitorizadas por enfermeiros e médicos, nos hospitais e centros de saúde, que depois fazem planos com consultas e tratamentos para quem precisa. De outra forma estas pessoas não teriam acesso a consultas e cuidados de saúde.
O Programa de Saúde Comunitária contribuiu muito para baixar a mortalidade infantil e isso é uma grande conquista. Aos mais velhos também temos conseguido dar-lhes mais qualidade de vida, embora em 2023 ainda tenha perdido dois pacientes que acompanhava, devido ao paludismo. O maior desafio que ainda enfrentamos é a corrida contra o tempo, quando a medicação tarda e o centro de saúde fica demasiado distante.
Mas, apesar dos desafios que enfrentamos e das perdas que sofremos, não desistimos e quando olho para as crianças que visito todos os dias, saudáveis, e para o meu pai, com 116 anos e muito saudável, fico muito realizado porque o trabalho dos Agentes de Saúde Comunitária está a contribuir para tudo isto.